Pular para o conteúdo

A exposição “Habitantes” surge num momento especial na trajetória de Celso Oliveira, a marca de seus 45 anos de estrada fotografando e seus 40 anos vivendo em Fortaleza, no Ceará. Seu conteúdo traz à tona a obra do fotógrafo em sua essência, resgatando imagens de pessoas pelo Ceará, pelo nordeste e chegando até a América Latina, onde Celso realizou viagens ao longo de sua trajetória. Além de ser um “passeio” pela obra de Celso Oliveira, “Habitantes” traz uma leitura pertinente sobre a identidade cultural dos povos latino-americanos.

O olhar curioso, crítico e poético do autor revela tanto a aproximação quanto o distanciamento entre os seres humanos, habitantes do globo terrestre. O tema proposto se torna atual no momento em que passamos por uma pandemia em nível mundial, partindo de perguntas acerca de nossas fronteiras ou barreiras, em primeira mão, mas também se prontificando para abraçar toda riqueza cultural que existe em cada lugar e em cada ser humano. Ao nos depararmos com nós mesmos, vemos o quanto somos semelhantes e o quanto precisamos uns dos outros.

Ao centrar o ser humano como o elemento primordial de sua obra, quando se têm uma sociedade onde os atuais modelos civilizatórios impõe uma racionalidade definida pelas questões financeiras e tecnológicas, a exposição representa um grito de alerta para que valores sejam repensados e sejam buscadas mudanças na cultura político-social ora vigente, onde o autoritarismo e a barbárie começam a ocupar espaços onde já se pensávamos inexistentes.

Compreender que somos gente, diferentes ou iguais, revela o que é essencial para a existência humana, que temos por condição a pluralidade. Se nos vestimos, nos alimentamos, moramos, trabalhamos de maneiras diversas, somos iguais em necessidades, sentimentos, afetos e sonhos.

Retratar o ser humano é um ofício caro a Celso Oliveira, que considera seus registros como uma investigação constante sobre as pessoas enquanto habitantes deste rico planeta Terra. Olhares, gestos, jeitos, cores, sorrisos, tristezas e costumes, toda a diversidade de imagens captada pela subjetividade do olhar do fotógrafo traduzem um sentimento Celso Oliveira revela ser também um convite. Um convite à reflexão de que todos fazemos parte de um mesmo globo, que mesmo distante em lugares, somos próximos por nossa única condição humana.

A exposição busca assim, em seu diálogo com o público, pensar quais e se existem possibilidades, outras, para construirmos uma vida melhor neste espaço/tempo em que vivemos. Acredita-se que, ainda mais num momento de pandemia, a arte da fotografia surge para reconectar as pessoas em torno de uma raiz humanitária. Nunca fomos tão iguais.

Ao retratar pessoas, Celso ainda demonstra que nunca abandonou seu olhar jornalístico. Ao destacar o homem em situações comuns, banais, cotidianas, o fotógrafo demonstra que sua arte tem, antes de tudo, compromisso social: está a serviço do despertar da consciência social dos que lhe apreciam.